VIDA QUE TE QUERO VIVA

…. histórias da Pebble
Grandão, ruivo, engraçado.
Era um cão inglês, de estrutura rústica, com sangue campestre; um caçador. Descrevo-o como mandão, curioso, agitado, inteligente, incansavelmente interessado nas atividades cotidianas e, em particular, nas longas caminhadas noturnas.
Tinha fixação por seres humanos: sorria, nunca latia para quem lhe aparecesse pela frente. Não importava se fosse conhecido ou desconhecido. Considerava todos como grandes amigos desde o primeiro momento.
Era bem alto. Então, que divertido vê-lo se equilibrar nas patas de trás para apoiar as patas da frente, gorduchas, no peito de quem se aproximasse, bem na altura do coração. Ao fazer isso olhava vivamente para o interlocutor, mexia as sobrancelhas e mostrava a língua como forma de demonstrar afeto.
Bom de garfo, tinha um apetite voraz e uma energia que se renovava, incansável, ao longo do dia.
Uma noite, ainda pequeno, pulou em cima da mesa da sala de jantar e abocanhou a lâmpada que brilhava acesa e quente no lustre de cristal. Desceu de lá feliz, cheio de vidro na boca para desespero nosso em salvá-lo de uma hemorragia gástrica.
Em outra ocasião, num passeio pelo bairro, se encantou por uma bonita cadela. Parou. Olhou fixamente para ela. E, de repente, do nada, correu para beijá-la. No afã da sua paixão, me deu uma rasteira, caí, quebrei o cotovelo; pra consertar, duas cirurgias.
Todo o santo dia, quando o sol se punha, tínhamos de sair a pé pelo bairro por hora, hora e meia. Nunca menos. Quem escolhia o caminho era ele; sobre isto eu já, há muito, havia me resignado.
O Natal daquele ano seria em nossa casa. Antes dos festejos noturnos, contudo, saímos para o passeio rotineiro no finalzinho da tarde. Anunciava-se uma noite morna e preguiçosa, havia uma calmaria, um cheiro de erva queimada, um silêncio benfazejo.
Xamã foi me conduzindo, em meio àquele silêncio, a passos firmes, atravessando quarteirões, até que chegamos a uma capela, muito pequena e simpática, frequentada pela vizinhança. Coincidência ou não estava terminando uma missa. Xamã seguiu, decidido, no contrafluxo, pelo meio das pessoas que saíam da igreja pequenina e entrou no santuário.
O padre acabara de fechar os livros e descia os degrauzinhos do altar, retirando o sobremanto, quando viu Xamã postado à sua frente, as costas retas, os olhos vivos. Sem pensar o sacerdote esticou as mãos, colocando-as na cabeça do animal e ficaram os dois ali por um segundo para depois se separarem entre mimos. Então Xamã, determinado e sério, se dirigiu para a porta, alcançou a rua e deu sequência ao passeio. Segui atrás, já cansada, serpenteando por ruas e ruelas até retornarmos à casa.
A noite foi agradável, a família reunida em descontraída alegria e ele, sempre ele, mais uma vez nos presenteou com suas graças e seus traquejos. Quando tudo terminou fomos dormir.
Exatamente às 12h do dia seguinte, 25 de dezembro, Xamã deitou-se no tapete da sala ofegando. E não mais levantou.
Na tarde anterior, meu amigo, intuindo ser chegada a hora, havia ido buscar a sua extrema-unção.
Wow! Thank you! I always wanted to write on my website something like that. Can I include a fragment of your post to my blog?
Sou a Nicole Souza, gostei muito do seu artigo tem muito
conteúdo de valor, parabéns nota 10.
Visite meu site lá tem muito conteúdo, que vai lhe ajudar.
You are my breathing in, I possess few web logs and very sporadically run out from brand :). “Follow your inclinations with due regard to the policeman round the corner.” by W. Somerset Maugham.